Narrado por Dante Ferraz
O motor do carro emitia um ruído suave enquanto atravessávamos a estrada de terra. Ao meu lado, Lorena repousava, a cabeça encostada na janela do veículo, com o cinto de segurança envolvendo seu peito. Seu coque, descomposto, deixava fios soltos em sua nuca, enquanto sua pele pálida e o semblante sereno revelavam uma calma que contradizia as tempestades que já havia enfrentado. Era como a tranquilidade de alguém que, após ter visto o inferno, ainda se decidira por permanecer.
Ela partiu. Sem pedir nada. Sem exigir promessas. Sem aguardar um futuro. Simplesmente se foi.
Enquanto dirigia, olhava para a estrada à frente, mas era como se estivesse encarando o passado. O asfalto que corria sob as rodas era o mesmo que me conduziu ao abismo e agora, eu retornava a ele com um olhar cheio de sangue e uma fúria insaciável.
Foi então que meu celular vibrou no console, iluminando a tela com uma nova mensagem. Era de um aplicativo criptografado, de um número desconhecido