— A mulher que acreditava que tinha o poder de salvar vidas. A mulher que sonhava em mudar o mundo com um bisturi na mão, com medicamentos e com fé.
— Eu sei que perdi esse ideal quando decidi que meu objetivo era salvar você, Dante. Mas, às vezes… às vezes, me deixo enganar pela esperança de que, quando isso tudo terminar, talvez eu consiga voltar atrás.
Respirei fundo, sentindo a gravidade daquelas palavras.
E acrescentei:
— Talvez eu ainda esteja tentando me prender a algo que, no fundo, já reconheço que perdi.
Ele permaneceu em silêncio, mas eu senti seu respeito no leve toque que ele fez em meu rosto. Senti uma gratidão silenciosa e um entendimento profundo entre nós.
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Abri os olhos e olhei diretamente nos dele.
Naquele instante, compreendi.
Ele desejava minha presença ao seu lado.
Não como um amor romântico.
Mas como uma âncora.
Como um escudo.
Como um lar.
E isso estava bem.
Porque amar é aceitar o papel que a vida nos reserva, mesmo que isso cause dor.
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