📖 Narrado por Lorena Mello
Fiquei olhando a porta se fechar atrás dele.
O barulho seco.
O corredor vazio.
E o peito... cheio.
Fechei os olhos.
Deixei a cabeça tombar pra trás na cabeceira.
Senti o peso do gelo sobre o tornozelo, mas nem era a dor física que incomodava.
Era a outra.
A que não passava com compressa fria.
Deixei o ar sair devagar pelos lábios.
Um sorriso pequeno, cansado, escapando junto.
Ele não sabia.
Não sabia que, cada vez que me olhava daquele jeito como se o mundo inteiro fosse uma ameaça contra mim meu coração implodia um pouco mais.
Não sabia que, quando perguntava do Hugo com aquela voz baixa e amarga de ciúmes mal disfarçados, eu queria segurar o rosto dele e dizer:
“Não precisa ter medo.”
“Eu já sou sua.”
“Mesmo que você nunca peça.”
Apertei os olhos.
Travei a garganta.
Porque amar também é isso.
É segurar o próprio grito.
É sorrir enquanto o coração sangra baixinho.
Se um dia ele decidisse voltar pra Helena...
Se um dia ele descobrisse que ainda amava a mul