📖 Narrado por Dante Ferraz
A voz dela ainda ecoava na minha cabeça.
As palavras simples.
A decisão feita.
A porra da calma no jeito que ela dizia que ia embora.
Senti o chão abrir sob os meus pés.
O sangue gelar.
A respiração pesar.
Ela sorria.
Aquele sorriso bonito.
Aquele sorriso de quem já aceitou perder mas não culpa ninguém por isso.
E eu?
Eu fiquei ali.
Travado.
O punho cerrando devagar.
O peito explodindo numa raiva muda.
Raiva dela?
Não.
Raiva de mim.
Porque, no fundo, eu sabia.
Sabia que ela tava certa.
Sabia que Lorena nunca foi de prender ninguém.
Sabia que tudo que ela deu... ela deu sem pedir nada de volta.
E agora tava me dando o que era mais difícil:
A liberdade.
Fiquei olhando pra ela.
Cada linha do rosto.
Cada curva do corpo.
Cada cicatriz invisível que ela carregava sem fazer alarde.
E entendi.
Se eu deixasse...
Se eu não fizesse nada...
Ela ia embora.
Leve.
Digna.
Sem drama.
Sem pedir pra ficar.
E eu?
Eu ia perder a única mulher que ficou comigo quando nem eu mesmo