📖 Narrado por Caio Valença

O lençol amassado no chão.

A luz baixa das janelas.

O cheiro de pele e suor ainda pairando no ar.

Helena deitada de lado, o corpo nu coberto só até a cintura, o cabelo bagunçado espalhado no travesseiro.

E eu?

Encostado na cabeceira, peito nu, respiração desacelerando, sorriso entalado na boca.

Vitória.

Pura.

Definitiva.

Percorri com os olhos cada linha do corpo dela.

Cada curva.

Cada detalhe que, durante anos, pertenceram a outro homem.

E agora eram meus.

Meu.

Inteiro.

Sem sombra.

Sem disputa.

Passei a mão devagar pela coxa dela, a pele quente sob meus dedos.

Ela se mexeu levemente, um murmúrio quase imperceptível escapando da garganta.

Não abriu os olhos.

Não disse nada.

Mas ficou.

E isso bastava.

Fechei os olhos, encostei a cabeça na cabeceira.

Inalei o cheiro dela misturado ao perfume caro do quarto.

A vida perfeita.

A mulher perfeita.

O filho perfeito.

O cargo perfeito.

O nome perfeito.

Dei um sorriso lento.

Largo.

De