**(Narrado por Dra. Lorena Mello)**
— Você... tem certeza de que deseja ouvir tudo?
A voz dele saiu fraca, arranhada, como se cada sílaba tivesse que lutar para escapar. Entretanto, ele apenas assentiu. Com calma. Sem hesitar.
O olhar que ele me lançou pesava como uma sentença.
Sentei ao seu lado e segurei sua mão fria, dura, tremendo de uma raiva que era silenciosa, mas intensa. Ele não retirou a mão, pelo menos por enquanto.
— Dante... você foi dado como morto. — as palavras saíram como lâminas afiadas. — O acidente... o resgate... ninguém acreditava que você fosse sobreviver.
Fechei os olhos por um breve momento, apenas um segundo, na tentativa de reunir coragem para prosseguir.
— Mas você sobreviveu. Lutou. Mesmo estando inconsciente.
O silêncio se estendeu entre nós, tornando-se denso e opressivo.
— Só que, para todos lá fora... — engoli em seco, sentindo o peso das palavras — ...você morreu.
Ele não piscou. Sua respiração permanecia a mesma, mas eu percebi uma mudança