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*Jace Rowan POV*

**

“Volta a colocá-lo onde o encontraste.”

A voz feminina cortou a névoa que me ocupava a cabeça. E depois, a dor — insistente, a pulsar em ondas, mal disfarçada pela dormência que ainda me entorpecia os músculos.

“Mas… não é mais fácil apenas o deixar ficar e irmos embora?”

Não estava sozinha, um homem estava com ela. Estavam a falar de mim?  Não sabia onde estava, nem quem eram. Estaria em perigo? Provavelmente.

Mantive os olhos fechados. Imóvel. Não que conseguisse abri-los — pesavam como chumbo. Cordas nos pulsos. Estava deitado. Provavelmente numa cama. Preso. Porquê? Decidi fingir que ainda estava apagado até descobrir mais.

“Aquilo é sangue?” — a mesma voz feminina, agora mais próxima, num tom entre irritado e preocupado. “O que é que fizeste?”

“Não fui eu!” — o homem respondeu, defensivo. Parecia ser ela quem mandava. Quem seria ela? Alguma mulher a querer vingar-se porque a magoei? Não me parecia plausível. Elas não se atreveriam.

As memórias começavam a voltar em flashes. O que tinha acontecido no início da noite. Infelizmente percebi a traição tarde demais. Mas lutei e consegui fugir. Para acabar aqui, preso. Sem saber bem como. Estava vivo — pelo menos, por agora.

Senti um movimento na cama. A respiração de alguém em cima de mim. Dedos tocaram-me. O tecido da camisa a ser puxado. Era ela — soube pelo toque antes mesmo de a ouvir falar.

“Não parece profundo.”

Voltou a tocar-me, abrindo mais a camisa. Os dedos dela deslizaram pelos botões. Controlei o impulso de reagir. Um frio percorreu-me; arrepio. Ela não pareceu reparar. Como se outra coisa tivesse a atenção dela. Senti-a mexer entre a camisa e o blazer.

Ah. A minha arma. Tenho quase a certeza de que a viu. E não posso impedi-la de a tirar. Merda. Tive de conter o impulso de tentar soltar-me.

“F.da-se.” Ouvi o homem resmungar aflito — e, logo a seguir, a porta fechar.

Silêncio.

“Covarde. Idiota.” Ouvi-a resmungar. Quase sorri pela reação dela. Ele deixou-a sozinha?

Abri os olhos por uns segundos movendo-me pela curiosidade e voltei a fechar rapidamente. Quase me apanhou. Apenas um vislumbre dela: uma mulher loira, máscara a esconder as feições. Continuei imóvel. As perguntas martelavam-me a cabeça, insistentes: o que raio estava a acontecer aqui? Quem era ela? Porque é que me prendeu?

Senti as mãos dela por todo o lado como se procurasse alguma coisa. A vontade de me mexer aumentava. O toque dela despertava coisas que não deviam, naquele momento, despertar.

A respiração perto. Depois silêncio. Parou. Não tirou a minha arma.

Senti-me tentado a abrir os olhos para perceber melhor o que estava a acontecer. A minha cabeça fervilhava, a tentar encaixar a voz dela, aquele rosto meio escondido pela máscara. Era suposto eu conhecê-la?

Sentia-me vulnerável. Preso. A irritação a borbulhar sob controlo. Deveria estar furioso com aquela mulher. Com vontade de a matar, por me sujeitar a isto. Mas, em vez disso, havia curiosidade. Uma parte de mim observava, calma.

Até que ouvi os saltos dela afastarem-se de mim e abri os olhos. Ela ia embora… e deixar-me ali preso assim? Não se atreveria. Ela por acaso sabia quem eu era?

Estava quase a falar, para a impedir de sair, quando ela tira a mão da maçaneta e fica imóvel, a ouvir os sons do corredor. Tento fazer o mesmo, mas só oiço movimento, vozes confusas, passos apressados. Uma confusão qualquer a acontecer.

Ela vira-se de repente — quase apanhando-me a olhá-la. Ainda a vejo a largar os sapatos e a correr na minha direção antes de fechar os olhos novamente.

Segundos depois, sinto o peso dela em cima de mim. Uma perna de cada lado da minha cintura.

Ouvi alguém perto da porta do quarto.

Merda. Quem seria? Iriam entrar? Vinham atrás de mim… ou dela?

Senti as mãos dela no meu peito, a ajeitar-me a camisa. O cabelo roçou-me o rosto. Respiração quente, irregular. Parecia inclinada sobre mim, os braços de cada lado da minha cabeça. E começou a mexer-se sobre a minha virilha.

Por um momento, esqueci-me que podia estar em perigo.

Estava a tentar processar tudo quando ouvi um gemido de prazer dela — alto. F.da-se. E o clique da porta a abrir. O que é que ela…

Não resisti.

Abri os olhos e deparei-me com lingerie vermelha rendada a cobrir uns seios deliciosos. Subi o olhar até ao rosto dela, meio coberto pela máscara. Olhos fechados.

“Oh, baby… sim… isso… estou quase!”

Ela disse entre gemidos. Está quase? Ela estava mesmo a… Continuava a mexer-se, como se me montasse. Sentia o centro dela bater contra o meu membro.

“F.dasse...” murmurou alguém da entrada.

Só então percebi que alguém tinha entrado. O braço dela tapava-me a visão. Estaria a fazer de propósito para não me verem? Estariam atrás de mim ou dela? Vi-me a questionar novamente.

“Agora que já viram, fechem essa merda… seus estraga-fodas.”

A mulher rosnou, irritada, como se realmente tivessem acabado de interromper o prazer dela. E eu tive de me controlar para não soltar uma gargalhada.

“Que foda.” — ouvi outra voz comentar, entre risos trocados, antes de ouvir a porta fechar.

Vi o suspiro de alívio dela e um sorriso grande, como se estivesse a conter uma gargalhada.

E depois parou.

O meu corpo traiu-me — e ela apercebeu-se. O meu membro duro por baixo dela. Os nossos olhares cruzaram-se. Os olhos dela abriram-se mais.

Era impossível continuar a fingir agora que estava apagado, quando ela tinha acabado de fingir prazer, de uma forma demasiado convincente, enquanto me montava.

Mas ela não recuou perante o meu olhar. Uma breve mudança causada provavelmente pela surpresa. Sem recuar. Sem desviar o olhar. Interessante.

“Podes terminar…” A minha voz soou rouca, seca. “Não te prendas por mim.”

Ela hesitou por um bocado. E depois vi aparecer um brilho de diversão no olhar dela.

“Deveria?!” O olhar dela passou pelo meu corpo. E depois senti o toque dela, as mãos dela percorrerem-me o peito, os abdominais. Pressionou-me uma zona perto da ferida e eu vi-me a ranger os dentes de dor, repentina, que me apanhou desprevenido. Ela atira-me um sorriso provocador. “Acho que não consegues lidar comigo no estado em que estás.”

“Isso é um desafio?” Perguntei, sem tirar os olhos dela. “Solta-me e eu provo-te.” Ia fazê-la gemer debaixo de mim sem fingimentos.

“Claro, grandalhão.” Respondeu. Mas em vez de me soltar, saiu de cima de mim, da cama e foi até ao seu vestido no meio do quarto, vestindo-o. Ignorando-me. Depois os sapatos. E vi-a aproximar-se da porta. Ficou a ouvir por uns segundos.

“Parece que os teus amigos já saíram. Hora de ir embora.”

“Solta-me.”. Rosnei-lhe. Ela não ia mesmo sair e deixar-me ali, preso, pois não? Não se atreveria.

“Ligo para a receção para te virem salvar.” Disse-me de costas para mim, pronta para sair.

“Não. Te. Atrevas.”

“Isso é um desafio?” Atirou-me de volta. Deixando-me quase sem palavras. Eu vou matar esta mulher.  Como se atreve a desafiar-me. A responder-me arrogantemente. Ela por acaso sabe quem eu sou?

Silêncio. O quarto pareceu encolher ao som da minha própria respiração. O desejo de arrancar as amarras queimava-me as mãos, tentei, mas só senti mais pressão nos meus pulsos; a raiva fazia o mundo reduzir-se a um ponto quente e nítido dentro do peito.

“Para.” A mão dela na maçaneta. Ela tinha se atrevido mesmo a abrir a porta ligeiramente. Ela ia mesmo ignorar-me. Deixar-me ali preso e sair? Ligar para a receção quando tem gente a minha procura para me matar? Quando sair daqui, quando me libertar vou fazê-la arrepender-se disto.

Olhei para ela com calma cirúrgica, e deixei a voz sair baixa, medida, como um fio de gelo:

“Tens exatamente três segundos para me dizer quem és, porque me prendeste… antes de eu decidir o que fazer contigo.” O olhar que ela me lançou ao virar-se para mim foi o suficiente. Tarde demais. Já tinha decidido. E ela não ia gostar.

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