A volta pra cidade foi tranquila, mas eu trouxe comigo mais do que a areia grudada nos pés ou o cheiro do mar nas roupas. Havia algo diferente em mim… uma calma nova, uma espécie de silêncio bom dentro do peito. Como se, pela primeira vez em muito tempo, eu tivesse parado de lutar contra o que sentia e começado a apenas… viver.
Max parecia entender isso sem que eu precisasse dizer nada.
Enquanto eu mergulhava de novo na rotina — entre fraldas, planilhas e cafés frios esquecidos no balcão —, ele sorria mais. E, sem que eu soubesse, começou a arquitetar algo em silêncio.
Ele passou a ter conversas discretas com Clara. Saiu para tomar café com Matteo e riu de algo que não quis me contar. Até Ricardo, que nunca foi exatamente sutil, soltou uma piadinha enigmática no jantar de domingo.
— Ele está tramando alguma coisa — comentei com Clara, estreitando os olhos.
Ela fingiu confusão.
— Max? Não… imagina! Ele nem sabe disfarçar direito. — E riu, culpada, virando o rosto.
Foi aí que percebi.