Max
Fazia tempo que eu não sentia tanto medo.
Não era o tipo de medo que se sente em reuniões decisivas, lidando com contratos milionários ou frente a frente com rivais empresariais. Era pior. Mais íntimo. Porque era ela. E porque eu sabia que, se errasse de novo, talvez não houvesse volta.
Charlotte sempre teve esse poder sobre mim. Desde o começo. Mesmo quando eu me recusava a dar nome aos sentimentos. E agora, depois de tudo, ela ainda era a única capaz de me fazer tremer por dentro.
Terminei de arrumar a mesa da varanda com um cuidado quase desesperado. A toalha azul-marinho que ela elogiara uma vez. As velas brancas que, segundo ela, deixavam tudo com "cara de paz". O vinho que ela tomava antes de engravidar — e que agora ficaria só decorando a mesa, mas eu ainda lembrava o rótulo.
Tudo ali gritava: eu lembro de você. Eu ainda te amo. Me deixa tentar.
A comida estava pronta. Eu mesmo tinha feito. Aprendi o prato porque era o favorito dela — talharim ao limone com lascas de salmão