O carro estava estacionado em frente ao prédio. Eu não sabia o que me fazia ali, de novo. Talvez a necessidade de um último feixe de esperança, talvez a vontade de acreditar que, no fundo, ela ainda estava por ali, no seu antigo lar. Mas quando o porteiro me olhou com um semblante vazio, eu já sabia que o que eu mais temia tinha acontecido.
— O apartamento dela... — falei, a voz saindo mais rouca do que eu queria. — Ela se foi?
O porteiro hesitou por um momento, mas foi direto.
— Ela vendeu, senhor. Já tem alguns meses. E foi embora logo depois disso. Não deixou nenhuma informação sobre para onde foi.
Aquilo me atingiu como um soco. Não foi só a partida dela que me fez sentir essa dor, mas a ideia de que ela já tinha feito isso há meses, e eu ainda estava aqui, no mesmo lugar, preso a um passado que ela já tinha deixado para trás.
Eu olhei para o prédio, como se esperasse que algo fosse mudar, que a porta se abrisse e ela aparecesse ali, dizendo que era tudo um erro, que voltaria para