Cheguei em casa e, ao atravessar a porta, a escuridão me engoliu imediatamente. O ambiente estava quieto, excessivamente quieto. O silêncio me consumia de uma maneira tão densa que quase parecia uma presença física, como se estivesse me observando, esperando que eu fizesse alguma coisa. O som dos meus passos ecoava pelos corredores vazios, uma lembrança do vazio que eu estava carregando dentro de mim.
A casa, que antes era um refúgio, agora era um lugar de desolação. Cada móvel, cada detalhe me lembrava dela. Ela estava em tudo. Nos livros na estante, na cadeira na sala, até no cheiro que ainda parecia estar impregnado nas paredes. Mas o pior de tudo era o quarto. O quarto onde ela dormia. O quarto onde compartilhamos risos, conversas baixas e toques gentis. Onde, por um breve momento, a vida parecia perfeita.
Agora, o quarto estava só. A cama estava feita, mas parecia um palco vazio. Um palco onde eu não era mais o ator principal. Onde tudo o que restava eram ecos de uma história que