A cama estava quente demais, o travesseiro revirado e o lençol jogado no chão como se eu tivesse lutado com ele a noite inteira. Devia estar dormindo havia horas, mas meu corpo não descansava. A mente, muito menos. Eu tava exausto, mas era como se o sono não soubesse mais me salvar.
A respiração começou a desacelerar quando tudo se dissolveu num borrão… até que ela apareceu.
Charlotte.
A porra do meu subconsciente ainda era o único lugar onde ela existia comigo. Ali, eu ainda a tinha. Ainda a via sorrindo daquele jeito que me desmontava. O tipo de sorriso que ela só dava quando achava graça de algo que eu falava sério — aquele meio riso, com os olhos brilhando, como se me desafiasse a não sorrir de volta.
Ela estava vestindo aquela blusa larga que amava roubar do meu armário. A pele dela brilhava sob a luz amarelada do abajur do quarto — o nosso quarto — como se o tempo tivesse parado justo no instante antes de tudo ruir.
Ela veio até mim. Sem pressa. Sem culpa.
— Max... — disse, e a