O portão eletrônico se fechou atrás de mim com um ruído metálico, abafado pelo som do meu próprio coração. Eu respirei fundo antes de desligar o carro — o carro dele — e desci devagar, como se adiar cada passo pudesse atrasar também o que vinha pela frente.
Ainda era cedo, o céu tinha aquele tom azul frio de manhãs em que o sol não sabe se quer sair ou não. As árvores balançavam preguiçosas com o vento leve, e por um momento eu desejei ser uma delas. Lenta. Estável. Sem surpresas.
Mas minha vida, definitivamente, não era uma árvore.
Fechei a porta do carro e comecei a caminhar até a entrada da casa.
E foi aí que ouv