ALESSANDRO
A voz dela atravessa o caos como um disparo.
Baixa, rouca, mas suficiente para me gelar por dentro, fraca para lutar, mas forte o bastante para proteger a garota a minha frente.
— “A sombra que te salvou... está bem na sua frente.”
Demoro um segundo para entender.
Depois outro para acreditar.
A luz dura das lanternas recai sobre o rosto dela — sujo, machucado, mas inconfundível.
Os olhos… os mesmos que me encararam entre a escuridão e sangue há quatro anos, quando eu mal conseguia respirar.
Aquela menina, o fantasma que me salvou na floresta, a quem eu passei anos procurando sem sequer saber o nome…
estava ali.
Acorrentada.
Meu estômago se contrai.
A raiva me toma antes que a lógica consiga me conter.
— “Chaves.” — minha voz sai firme, seca.
Um dos meus homens hesita, talvez temendo o que isso pode gerar, ou quem sabe a minha reação pós liberta-la. Eu o encaro, e ele entende.
As chaves tremem em suas mãos quando me alcança.
O som do metal girando dentro do cadeado ecoa alt