A madrugada parecia mais longa depois do risco assumido. Vivian acordou com o coração ainda acelerado, como se o beijo tivesse deixado marcas invisíveis sob a pele. Aline já estava de pé, inspecionando a rua pela janela pequena. Não fez perguntas. Não precisava. O silêncio de quem guarda segredos também é uma forma de lealdade.
Vivian foi até a mesa, abriu o caderno azul e escreveu apenas duas palavras: “Ele fica.” Depois fechou, sem coragem de acrescentar o resto. Era como se cada letra pudesse denunciar o que agora se tornara um perigo maior do que o próprio César: o sentimento que começava a florescer entre ela e Eduardo.
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No fórum, Eduardo revia as minutas da semana, mas a mente insistia em vagar. O beijo, ainda tão recente, se infiltrava entre as linhas jurídicas como se fosse argumento. Ele recitou em silêncio suas três frases — “Não contaminar. Não abandonar. Não esquecer.” — tentando encaixá-las no novo cenário. Talvez fosse preciso criar uma quarta: “Não ceder.” Mas ele sa