A noite caiu com pressa sobre Sant’Ana do Vale. Dentro da casa de proteção, Vivian arrumava os lápis de Mariana sobre a mesa como se organizar as cores fosse suficiente para organizar também os medos. Aline revisava os relatórios, o rádio ligado em frequência baixa, apenas estalos de vez em quando. O ambiente parecia seguro, mas o silêncio nunca é completo.
Foi nesse silêncio que a batida na porta soou — duas vezes, discretas. Aline se levantou de imediato, mão no coldre. Um código breve soou pelo rádio, confirmando identidade. Eduardo entrou, sem toga, apenas o peso da noite nos ombros.
Vivian levantou os olhos. O coração deu um salto, o mesmo de sempre quando ele aparecia fora do protocolo. Mas dessa vez havia algo diferente: um nervosismo contido, como se ele soubesse que o tempo corria contra eles.
— Preciso falar com você — disse ele, a voz mais baixa do que o normal. — A sós.
Aline hesitou, avaliou o risco, e recuou para o corredor. — Cinco minutos. — E fechou a porta.
***
Eduar