Aline saiu mais cedo naquela noite para uma reunião com a equipe de segurança. Vivian ficou na casa de proteção com uma sopa esquecida sobre a mesa e o caderno azul aberto na primeira página em branco. O silêncio tinha textura. Era o tipo de silêncio que dá a impressão de que alguém está prestes a bater à porta.
E alguém bateu.
Dois toques discretos, não oficiais. Vivian parou no meio da sala. Respirou. O terceiro toque veio mais firme. Caminhou devagar até a porta, os pés pesados como chumbo. Quando abriu, não era Aline, nem outro agente. Era Eduardo.
Sem toga, sem a barreira da mesa. Apenas um homem no corredor frio, segurando uma pasta contra o corpo.
— Não deveria estar aqui — disse ela, a voz metade susto, metade alerta.
— Eu sei. — Ele entrou com a contenção de quem mede cada passo. — Mas precisava falar com você fora do protocolo. Não demora.
O ar entre eles pareceu ganhar outra densidade. Vivian fechou a porta devagar. Por um instante, não havia testemunha, juiz, programa de p