O céu estava de um cinza limpo quando Aline entrou no quarto com a prancheta contra o peito e a voz de sempre — firme, baixa, suficiente.
— Rota hospitalar confirmada. Duas paradas técnicas, troca de carro no subsolo, chegada por acesso lateral. Tempo total previsto: quarenta e cinco minutos. — Olhou para Vivian. — Sem desvios, sem olhares para trás.
Vivian vestiu um casaco claro e prendeu o cabelo ruivo em um coque mais apertado do que o necessário. O espelho devolveu um rosto que não era Scarlett nem a estudante de enfermagem de antes: era uma mulher com as costas retas por dentro. Pôs na mochila o caderno azul e, num impulso, o desenho de Mariana do balanço. Não por superstição. Por companhia.
O hospital os recebeu com o mesmo cheiro de sempre — desinfetante e café que já passou da hora. Aline ia à frente, abrindo caminho com credenciais e frases breves. Na sala de espera, Mariana se levantou de um salto assim que viu a irmã.
— Vivi! — O abraço veio forte, como se os braços magros