O corredor cheirava a café requentado e ferro. Vivian esperava, sentada no banco de cimento, quando a defensora pública apareceu com um maço de papéis e um cansaço honesto nos olhos. Não era boa notícia nem má: era trabalho.
— Senhora Vivian — disse, ajeitando os óculos. — O juiz determinou revisão integral do mandado. Quer cadeia de custódia detalhada, registro minuto a minuto e confirmação de hora por hora. Nada avança sem esse mapa.
Vivian ergueu o rosto. — O juiz?
— Sim. — A defensora checou a folha. — Eduardo Ferraz.
O nome caiu no peito de Vivian como uma pedra que, em vez de afundar, abre uma fresta no fundo do lago. Eduardo. A palavra encostou na imagem: a estrada branca de neblina, os faróis espalhados, a gravata afrouxada pelo sangue, a voz arranhada pedindo ar. O “fica”, firme, dito por ela — e obedecido por ele. O coração mudou de ritmo: não veloz, mas afinado.
— Ele tem fama — continuou a defensora, sem perceber o terremoto íntimo. — Exige forma absoluta. Muita gente odei