O corredor do tribunal parecia maior do que qualquer cela. Vivian caminhava entre duas agentes, o coração batendo como quem aprende outro compasso. Não havia mais grades, mas cada passo ecoava como se pudesse quebrar. Quando entrou na sala de audiência, o ar cheirava a papel gasto e perfume caro. Lá dentro, César Valença já estava sentado, a gravata em nó perfeito, o sorriso calculado demais. Gaia, em pé atrás dele, tinha os olhos fixos como quem segura um laço prestes a puxar.
Eduardo ocupava a cadeira central, toga pesada nos ombros, a expressão de pedra. Não era o homem da estrada, não era o quase morto. Era o juiz. A sala inteira se ajustava à sua respiração.
— Processo n.º... — começou o escrivão, mas ninguém ouvia o número. O que importava era o nome que veio depois: — Ré: Vivian Oliveira.
Vivian não tremeu. Respondeu presente com voz firme. Eduardo não ergueu o olhar de imediato, apenas conferiu papéis, como se o peso das letras fosse maior do que o das pessoas. Depois, sim, le