A sala de atendimento do distrito tinha a neutralidade estudada de um corredor de hospital: paredes bege, uma mesa de fórmica, duas cadeiras que rangiam nos cantos. Vivian entrou escoltada por uma agente, as mãos à frente, sem algemas, mas com a mesma sensação de metal nos pulsos. Do outro lado, César Valença já a esperava. Estava impecável como sempre: terno cinza claro, gravata sem brilho, cabelo domado com perfeição. Sorriso quase. Não chegava a ser.
— Senhora Vivian — disse, levantando-se apenas o suficiente para sugerir cavalheirismo. — Trago boas notícias relativas ao curto prazo. — Abriu a pasta e alinhou folhas com a ponta dos dedos. — O pedido de cautelares foi bem recebido. Há possibilidade concreta de substituição da preventiva por medidas diversas. O clube… — parou, corrigiu — um amigo garantiu lastro financeiro para fiança, se necessário.
“Um amigo.” A palavra ficou sobre a mesa como poeira fina. Vivian assentiu, o rosto imóvel, os olhos atentos às entrelinhas.
— A co