A notícia do afastamento “médico” do gerente correu pelo clube com o mesmo ritmo de um boato que quer virar verdade. Ele não apareceu no salão, não assinou as rotas, não encostou na porta do camarim. Mas, nos bastidores, sua sombra ficou. Gaia percebeu porque sombras têm hábitos: duas ligações silenciosas para o mesmo número, um mototaxista parado sempre na mesma esquina, um envelope pardo entrando por uma porta lateral onde não devia haver porta.

— Ele não foi embora — disse Gaia, sem levantar a voz. — Ele recuou para conseguir ver a casa inteira.

Angelina assentiu, os braços cruzados. Dora mordeu o lábio até ficar branco. Vivian, sentada ao espelho, ajeitou a trança e fixou as pérolas falsas com exatidão de quem precisa que algo, pelo menos, fique no lugar.

— Existem homens que comandam melhor quando fingem não estar — completou Gaia. — E existem casas que caem quando confundem licenças com despedidas. Não seremos essa casa.

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No final da tarde, chegou o primeiro recado pelo