O clube tinha aquela claridade falsa de fim de tarde que parece maquiar o dia. Vivian prendeu a trança, checou o curativo e passou o batom como quem assina um ponto. O mural do camarim, agora com as palavras “fôlego”, “saída”, “vigilância” e “rastro”, devolvia um mapa mínimo. Faltava “encontro”, pensou — e o pensamento a deixou inquieta.
— O gerente quer você na “atração” de um evento privado às 22h — informou Gaia, entrando com o caderno de rotas. — A lista tem sobrenomes que rodam tribunal. Não gosto.
— Eu também não — disse Vivian, guardando a fotografia de Mariana no forro do vestido. — Mas sei o que fazer: cinco minutos de presença, porta aberta, corredor B.
— Acrescenta uma coisa — completou Gaia. — Distância de Camila. Hoje ela está em modo “amiga útil”. E amiga útil, nesta casa, significa ouvido para o coordenador.
Camila apareceu com um vestido cintilante e um sorriso de vitrine.
— Vim oferecer parceria — anunciou. — Hoje é noite grande. Quer que eu faça ponte com os rapazes?