O corte na clavícula amanheceu como uma linha fina de fogo sob o curativo invisível. Vivian a sentiu quando ergueu o braço para prender o cabelo. Não doía como ameaça; doía como lembrança. No espelho, a ruiva fez o gesto de sempre — avaliar o rosto que seria visto — e, antes do batom, encostou a foto de Mariana no vidro, por um segundo. Era um ritual: recolocar o mundo no trilho certo antes de circular pelos trilhos alheios.
Gaia entrou com passos que conheciam aquela sala melhor do que qualquer gerente.
— Hoje a ferida trabalha a nosso favor — disse, quase clínica. — Eu já espalhei para quem precisa ouvir que Scarlett “não se curva”. Vai circular na temperatura certa: sem vitimização, sem heroísmo. Aura, não drama.
— Aura, não drama — repetiu Vivian, prendedo a lua no forro do vestido. — E porta aberta.
— Sempre — confirmou Gaia. — Aurora já posicionou o corredor B. E outra coisa: Camila está inquieta. Vai tentar transformar o seu corte em pista. Se ela vier com flores, são de plásti