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Capítulo 37 – Luz e Feridas

O fórum amanheceu com o brilho de lâmpadas que não aquecem. Eduardo passou pela porta giratória, cumprimentou o segurança com um gesto curto e subiu as escadas em vez de esperar o elevador. Precisava do barulho sólido dos próprios passos. No gabinete, conferiu o cronograma: 8h20, reunião com o desembargador de apoio; 8h40, recebimento formal do laudo suplementar; 9h10, distribuição de providências. Nada de heroísmo, muito de procedimento. Papel que canta mais alto que boato.

Às 8h20 em ponto, a sala estava cheia de café amargo e formalidade. O perito revisou os metadados, apontou as quebras de frequência, a limpeza “milagrosa” que nenhum editor sério ousaria chamar de descuido. O desembargador ouviu, tamborilou os dedos sobre o tampo e assentiu com a gravidade de quem sabe que a partir dali o corredor afunila.

— Está formalmente encaminhado — disse, por fim. — O senhor sabe o que isso significa.

Eduardo sabia. Ao cruzar o corredor, percebeu olhares que evitavam ficar longos demais. Cu
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