O restaurante parecia uma fotografia antiga: madeira escura, taças translúcidas, guardanapos de linho em dobras severas. A placa “fechado para evento” na porta era mais uma cortina do que um aviso. Scarlett entrou como quem atravessa um quadro, sentindo o ar calibrado para parecer neutro — nem frio, nem quente, apenas sem memória. Um maître sem nome a conduziu por um corredor de espelhos até um salão onde quatro homens conversavam com a naturalidade de quem jamais precisou pedir licença.
— Bem-vinda — disse o de cabelo prata, levantando-se dois centímetros da cadeira. — A casa a conhece. Nós também.
Scarlett sorriu com a exatidão do protocolo. — Eu conheço a casa. Vocês, vou escutar hoje.
O homem à direita — um rosto que ela já vira no clube, sem o disfarce do riso — bateu levemente o dedo no cristal da taça, produzindo um som seco. — O que pedimos é simples: presença. O resto, a cidade se encarrega de traduzir.
“Presença”, palavra que servia para tudo o que não podia ser dito. Scarle