O convite veio em envelope creme, sem timbre, apenas uma hora e um endereço: um casarão antigo em bairro alto, jardim aparado como se fosse guarda. “Presença de luxo”, escreveu o gerente no rodapé da mensagem. Scarlett leu, dobrou o papel e deixou-o em cima da penteadeira como quem observa um animal de longe. No espelho, ajustou o delineado com mão segura. Vivian respirou por baixo do verniz: não era só mais uma noite.
— Eu te levo e fico na porta — decretou Gaia, já com o blazer escuro e o celular de guerra no bolso interno. — Se desconfiar de corredor sem saída, você vira e volta. Eu invento o resto.
Aurora apareceu com um alfinete de metal em forma de lua.
— É talismã, não arma — disse, envergonhada. — Mas me ajuda, às vezes.
Scarlett prendeu a lua discretamente no forro do vestido. Camila, apoiada na porta, fez um biquinho de aprovação.
— Vai ser tudo bem. Esses lugares gostam do mito. Você é o mito.
— Mito só é mito enquanto ninguém tenta arrancar o rosto — devolveu Gaia. — Vamos