O corredor estreito conduzia ao camarim como a garganta de um palco. A luz do teto oscilava num amarelo morno que deixava tudo com cara de segredo. Vivian passou a mão devagar pela parede, sentindo a tinta ligeiramente áspera. O nome novo pesava na boca como uma palavra estrangeira aprendida de repente: Scarlett.
— Respira — disse Camila, da porta, abrindo um sorriso que conhecia todos os caminhos. — Hoje você não precisa dizer nada. Só existir.
No camarim, três cabides esperavam por ela: seda, veludo e um cetim rubro que parecia ter sido costurado na medida exata da sua pele. Camila deixou a bolsa sobre a bancada forrada de pincéis e frascos e apontou com o queixo:
— Esse é o seu. — Tocou o cetim. — Hoje, você estreia sem estrear. É apresentação. Ninguém encosta. E se alguém tentar, eu viro bicho.
Vivian sorriu de leve, grata e assustada na mesma medida. O espelho lhe devolveu a própria imagem ainda sem maquiagem, o cabelo ruivo solto num quase desalinho de menina. A porta atrás dela