A ponte velha parecia suspensa no nada. Sob as vigas, o rio corria baixo, um fiapo de água arranhando pedras, como se a madrugada ainda estivesse aprendendo a falar. Aline foi a primeira a cruzar, passos leves, arma junto ao corpo. Fez sinal. Vivian e Eduardo vieram logo atrás, unidos por um silêncio que dizia mais do que qualquer plano.
No outro lado havia um abrigo esquecido: um quiosque de madeira com o telhado torto, velho de romaria e abandono. Aline varreu o perímetro com a lanterna coberta por fita vermelha, marcando sombras, escutando o que a noite dizia. — Limpo por enquanto — informou, a voz baixa, firme. — Trinta minutos. Depois, trocamos de pele.
Vivian assentiu e puxou Eduardo pelo casaco. O ferimento no ombro havia estancado, mas a dor voltara com mais fome. Ela o sentou no banco comprido, abriu a mochila e tirou o estojo de curativos, o soro, o antisséptico. Nada de luxo, apenas o essencial. — Tira a camisa — pediu, com uma delicadeza de quem precisa ser prática. Ele ob