O fogo estalava no centro da clareira, lançando sombras trêmulas sobre os rostos desconhecidos que agora dividiam o mesmo espaço — o espaço frágil entre o medo e a necessidade.
Cael passava os olhos por cada um. Não sabia se podia chamar aquilo de “grupo” ainda. Na verdade, pareciam peças desconectadas, reunidas às pressas por uma força que nenhum deles entendia completamente.
Selene, sempre de pé, sempre com a mão perto da lâmina, mantinha-se um passo afastada dos outros. Observava, analisava. Ela parecia desconfiar até do próprio vento.
Darian, o entregador, afiava uma faca pequena. Suas mãos eram finas, rápidas, calejadas — não mãos de quem entrega cartas, mas de quem sobrevive fazendo o que for preciso. De vez em quando, lançava olhares para a mata, como se temesse que ela o engolisse a qualquer momento.
Marga, a velha costureira, trançava fios invisíveis entre os dedos. Não falava muito, apenas murmurava para si mesma, palavras que pareciam feitiços, preces, ou apenas memórias co