O céu estava pesado, o mesmo cinza opaco que parecia nunca mais se dissolver desde que a Névoa começou a se romper nos cantos de Verídia. Liora caminhava há dois dias, embrenhada nos veios mais antigos da floresta de Myrelis — um labirinto de troncos retorcidos, galhos cobertos de musgos e raízes tão grossas que pareciam ossos de um mundo ancestral.
O caminho era traiçoeiro, e o vento trazia sussurros que não pareciam ser só do vento. Seus pés já estavam machucados, mas ela conhecia aquele tipo de dor. Crescera fugindo, sempre fugindo. Mas agora… agora era diferente. A floresta não a expulsava. Ela a guiava.
Cada folha caída, cada gota de orvalho parecia empurrá-la para um mesmo ponto, como se a própria terra estivesse urdindo os fios de seu destino.
Quando dobrou uma trilha estreita, ladeada por pedras negras e líquenes dourados, sentiu primeiro o cheiro. Fumaça. Suor. Couro molhado. Depois, os passos — pesados, decididos. Alguém... não, um grupo inteiro.
O instinto foi mais rápido q