O amanhecer na Floresta de Myrelis parecia enganar os sentidos. A luz dourada filtrava-se por entre as folhas, lançando reflexos cintilantes sobre o acampamento improvisado, como se o próprio bosque tentasse disfarçar os perigos escondidos em suas entranhas.
— Muito bem — disse Selene, cruzando os braços, olhando todos de cima, com aquele tom de voz que beirava o desdém. — Se querem sobreviver aqui, não vamos viver de vento. Todos terão funções.
Ela girou o olhar, parando intencionalmente sobre Marga, a costureira, que ajeitava nervosamente o coque torto enquanto enrolava uma linha imaginária nos dedos.
— Você — apontou —, cuida da manutenção das roupas, rasgos, remendos... e da cozinha.
Marga apertou os lábios, com aquele olhar de quem já estava acostumada a ser subestimada. Endireitou a postura e respondeu, seca:
— Melhor que ficar sentada dando ordens.
Darian, o entregador, encostado numa árvore, soltou um risinho abafado, mas logo se calou quando Selene virou os olhos afiados para