O salão respirava sombras. Tecidos escuros se derramavam das colunas como véus vivos, serpenteando lentamente, impulsionados por uma energia que parecia pulsar de dentro das próprias paredes. No centro, um espelho de obsidiana refletia imagens distorcidas, retorcidas, como se fragmentos do mundo estivessem sendo dilacerados e costurados novamente por mãos invisíveis.
Diante dele, Vermon mantinha as mãos estendidas, os dedos crispados, a mandíbula tensionada. As imagens à sua frente não deixavam dúvidas. As rachaduras no véu da maldição se alastravam como veias douradas, correndo por locais onde, até então, a própria realidade parecia intocável. Algo — não, muitos — já estavam fora do controle. O equilíbrio que ele sustentara por séculos desmoronava mais rápido do que qualquer previsão permitira.
Um som suave ecoou, a madeira rangendo com o abrir de uma porta. Thenos adentrou, as passadas firmes, mas seu rosto carregava um traço raro, quase imperceptível: hesitação.
— Os Sombrios foram