Desprezada pelo pai e vítima da ganância de um feiticeiro perverso, a princesa Selene Volun de Magdala vive presa e marginalizada em seu próprio reino. Dada como noiva em uma falsa trégua, recebe uma única e difícil missão: matar o Rei Corvo. Cedric Darkv de Eszter, o temido Rei Corvo, reina com um ardente desejo por vingança. Sua fachada de líder implacável esconde uma dor profunda, causada pelas perdas do passado. Forçado pelos desejos de paz de seu povo, Cedric aceita casar com a filha do tirano rei de Magdala, cujas crueldades resultaram na morte de seus pais e de vários habitantes de Eszter. O ódio o faz rejeitar a jovem esposa desde o primeiro dia, dando ao povo ressentido a oportunidade de desprezar Selene. Quando a guerra é reiniciada e inimigos se infiltram dentro das muralhas de Eszter, Cedric e Selene se aproximam e à medida que passam mais tempo juntos, o ódio inicial dá lugar a um sentimento novo e intenso. Enfrentando desafios e perigos internos e externos, eles descobrem que a chave para acabar com o mal que domina ambos os reinos está mais perto do que imaginam.
Ler maisDa janela de seu escritório, em que cuidava dos assuntos do palácio, Selene fazia uma pausa para observar com admiração e preocupação o treinamento dos filhos no pátio. Aurora e Maddox, de quinze anos, eram instruídos por Ayala, Tristan e Cedric no manejo de magia ao utilizar a espada. Cada um lidando com as instruções de seu modo. — Vamos lá, Aurora, mostre toda sua força — comandou Cedric incentivando a herdeira. — Maddox, melhore a posição dos pés e não a deixe ganhar terreno. Aurora, a primogênita por sete minutos de diferença ao nascer, demonstrava destemor e agilidade nos movimentos, a trança negra balançando conforme se esquivava dos ataques de Maddox, atenta a cada recomendação. Os olhos azuis antecipavam cada movimento, barrando-os com a espada, em que feixes de azul e vermelho circulavam no aço. — Tem que aumentar a magia de fogo no ataque e usar a lunar só para a sua proteção, Maddox — a feiticeira indicou observando-o a magia irradiada pelo jovem príncipe. Diferente da
Sentindo como sua a dor que consumia Selene após a perda do pai, Cedric a estreitou em seus braços com ternura. Compreendendo que ela se sentia mal por causa do pai, pousou um beijo na testa dela com carinho, fechando as asas negras, obtidas através da conexão de almas com Aodh, em torno deles, aquecendo-a. — Meu amor, sinto muito! O Per... — cortou a fala antes de mencionar o título infame dado ao rei de Magdala. Ficou incerto do que dizer para amenizar a dor dela. Dizer que Phelix merecia o fim que teve de certo não era opção. — Sinto muito — repetiu deslizando os dedos pelos fios loiro-platinados. O pai de Selene tinha sido dominado pela maldade e ganância, não respeitava nada e ninguém. Duvidava que ainda tivesse um coração que se importasse por alguém, mesmo que esse alguém fosse a própria e única filha. A prova foi tê-la dado ao inimigo – ele – e reiniciado a guerra sem se preocupar com a segurança dela. No entanto, nada disso importava para Selene. Ela amava o pai, independent
Com a magia lunar pulsante em suas veias, Selene avançou com determinação, os cachos loiro-platinados balançando ao vento durante o voo. Seus olhos azuis brilhavam com a coragem que emanava de seu coração, pronta para enfrentar Mamba, o feiticeiro elfo que havia enfeitiçado seu pai e causado tanto sofrimento.A floresta da Montanha do Corvo era o palco da batalha entre os reinos de Eszter e Magdala, e Selene se preparava para pôr um fim a tudo aquilo. Lutaria pela liberdade dos reinos, por justiça aos antepassados e pela redenção de seu pai.Pronto para se livrar definitivamente da jovem rainha de Eszter, Mamba encarava Selene com ódio, sua magia sombria movendo-se ao seu redor. Notava que o poder dela era igual, talvez até maior, que o de Myra. No entanto, não tinha medo. Venceu Myra e todos do seu clã, elfos de sangue puro, não seria difícil vencer uma mestiça. Tinha de vencê-la. Selene representava tudo o que odiava e queria destruir: pureza, bondade e amor.Ao se aproximar, Selene
Recuperando-se do choque contra o tronco de uma árvore, amortecido pela barreira lunar e pelo corpo de Cedric, uma onda de angústia dominou Selene ao notar névoa púrpura movimentando-se como um manto sinistro sobre ele. Ele se debatia, gemia e arfava, lutando contra as correntes tentando aprisionar sua mente.— Cedric! — Selene chamou tocando seu rosto.Os olhos de Cedric encontraram os dela por um breve momento, uma faísca de reconhecimento atravessando as sombras. Selene não hesitou, lançou nele a magia lunar, curando-o da tentativa de domínio das sombras.— Selene... — Cedric murmurou com uma mistura de surpresa e alívio.— Treinei muito pra não cair facilmente ao utilizar minha magia — contou com um sorriso motivador. Sorriso que se perdeu no instante seguinte.Moveu o olhar para o entorno e notou que a névoa púrpura das sombras dominava o campo de batalha. Até os elfos e criaturas místicas da Montanha do Corvo se contorciam lutando contra as sombras. Era a única poupada graças ao
Usando a magia que a levava diretamente para perto do líder dos elfos da montanha, se materializando em meio a uma intensa luta, Selene procurou por Grend.Por toda parte havia elfos da floresta, soldados, orcs, driders e toda espécie de criaturas místicas lutando. Muitos estavam no chão, mortos ou debatendo-se com sangue e saliva saindo da boca, os corpos ressequidos como se sugados até os ossos.Identificou Grend a poucos passos, de costas para ela e em cima de um cervo, liderando seus guerreiros. A coroa de galhos e folhas brilhava sob a luz do sol atravessando a folhagem das árvores altas, suas mãos se moviam com rapidez, pegando flechas que enchia de magia solar antes de disparar, dizimando fileiras inimigas.Selene avançou pelo campo de batalha, a magia pulsando ao seu redor. Enchendo as mãos de uma grande quantidade de magia, moveu-se em direção a Grend, preparada para afastar qualquer um que a impedisse. Justamente por isso, ao ter o braço agarrado, virou-se pronta para desfer
Selene sentiu um arrepio percorrer sua espinha ao perceber que estava diante de Eriz, a troca-formas que a havia sequestrado anteriormente. Seus olhos azuis se estreitaram ao analisar a figura de pele clara, cabelo e olhos esverdeados diante de si.— Onde está Patry? — Selene questionou, tentando manter a calma apesar do receio da resposta.Eriz riu com desprezo.— A dama de companhia não está mais aqui. A matei e tomei seu lugar há meses — anunciou com um sorriso cruel nos lábios.Com o coração apertado de tristeza e raiva, Selene parou de recuar devagar em direção à conexão dos quartos. Patry foi uma amiga e presença reconfortante em meio ao caos que sua vida se tornou, e agora estava morta, vítima da crueldade de Mamba e sua comparsa.— Por que fez isso? Ferir uma inocente? — perguntou, lutando para controlar o tremor na voz.A troca-formas deu de ombros, como se aquilo não fosse importante.— Depois de você escapar do meu ataque e o Corvo te colocar aqui, a única opção foi encont
Assentindo, pois Selene aprendeu nas lições de Grend que o procedimento em curto intervalo poderia causar sua morte, sem se sentir arrependida de concordar com o pedido da Feiticeira Ayala Trever, falou: — O faço por amor, um tão forte que levarei comigo para esse plano. Se o pior ocorrer, esperarei em paz o dia que Cedric se unirá a mim... O importante é que o amei e recebi o amor dele de volta, o que por tanto tempo pensei que era indigna de recebê-lo — declarou com um sorriso suave. — Mas se não ocorrer, se tudo der certo, conseguirei a justiça que prometi a você e aos elfos mortos por Mamba — indicou, mostrando que o cenário podia ser bom ao final. Myra acariciou seu cabelo, com tamanha tristeza no olhar que Selene sentiu em si a dor dela. Com um sorriso triste, indicou com voz fraca, tão baixa que Selene não ouviria se não estivesse próxima dela: — Seu pai dizia me amar e no fim a ambição venceu. O amor é maravilhoso, mas mostrou-se ser meu fim e pode ser o seu também — avisou
Mesmo com todo o poder da magia lunar de Selene e os melhores soldados ao seu lado, a situação no campo de batalha não estava a favor de Eszter.Antes partir para a montanha, Cedric ordenou que ninguém podia contar à Selene sobre a situação de guerra. No entanto, um soldado da muralha, em contato com os que foram para a montanha, apressou-se a informar Gael e a Feiticeira Ayala Trever sobre o que ocorria e os conselheiros perceberam que só havia uma forma de obter novamente a vantagem.Ignorando a ordem, por acha-la absurda e inútil, a Feiticeira Ayala Trever marchou para a ala das acomodações reais, direto para o quarto ocupado pelo casal.— Como vai, soberana rainha de Eszter?Torcendo a boca diante do título pomposo e desnecessário ali, Selene pediu:— Pode me chamar só de Selene.— Sou uma mulher de tradições, rainha, gosto de respeitar cada detalhe que é importante ao reino de Eszter — indicou, fazendo Selene assentir, lembrando que sempre a ouvia chamar Cedric de Vossa Majestad
Com o colar de brilho azulado dado por Mamba cercando seu pescoço, montando em sua hidra, Phélix observava na parte alta do relevo a luta entre seus aliados e os elfos e criaturas da montanha. Ao seu lado, em pé no chão pedregoso, estava o feiticeiro, como sempre com a serpente verde envolta dos ombros.Quase tinha recuado quando o feiticeiro propôs invadirem a Montanha do Corvo. A lenda envolta daquele lugar, sobre pessoas morrendo em questão de horas após entrar nela, lhe causava certo receio. Porém, saber que seu exército estava a ponto de ser derrotado e jamais conseguiria Eszter removeu a cautela, cercando-o de fúria.~— Temos que fazer alguma coisa! — esbravejou indignado. — Esqueça aquela montanha. Tem que dar ainda mais magia para nosso exercito eliminar aquele corvo maldito — ordenou aborrecido.— Sei que na montanha conseguiremos um poder maior — Mamba declarou. — O Corvo se armou com a magia lunar. Nenhuns dos nossos ataques surtem efeito agora. Falei que Selene seria útil