Clara
Teste de farmácia pode errar. Pode dar falso positivo... né?
Mas eu sabia. Lá no fundo, eu já sabia.
Ainda assim, peguei o carro e fui até a cidade vizinha antes do amanhecer. Escondida sob óculos escuros, com um boné enfiado até a metade do rosto e um casaco largo demais para o calor abafado de fim de inverno. Não queria correr riscos. Em Ferraznópolis, qualquer enfermeira poderia conhecer meu nome, fazer perguntas demais, falar o que não devia. Ali, pelo menos, eu era só mais uma mulher nervosa pedindo um exame de sangue.
Esperei por duas horas sentada em uma cadeira dura, com o estômago embrulhado e as unhas marcando a palma da mão. Quando meu nome foi chamado, o som me cortou como uma lâmina.
O resultado veio num envelope branco, dobrado e selado. Abri ainda no estacionamento da clínica.
Positivo.
A palavra dançava diante dos meus olhos, cruel e definitiva.
Grávida.
De Theo.
Um homem que me odeia. Um homem que me acusou de ter um caso com o próprio pai. Que me humilhou. Que