Escritório da sede – minutos depois da reunião no café da manhã.
A lareira estalava com o fogo baixo, como se até as chamas sussurrassem medo da decisão que pairava naquela sala. Do lado de fora, a neve se acumulava nas janelas, formando molduras geladas para um mundo prestes a ruir.
Augusto estava de pé, as mãos às costas, o olhar fixo no nada branco da paisagem russa. Dentro de si, a guerra já estava vencida. Faltava apenas anunciar o veredito.
Ana permanecia sentada na poltrona de couro escuro, impecável. O vapor da taça de café subia lento, mas os olhos dela — oh, os olhos — eram navalhas de gelo.
— Isso não é só paixão, Ana. É rebeldia. É um desafio ao nome que construímos — disse Augusto, a voz rouca de décadas de comando.
— Não, Augusto. — Ana respondeu sem hesitar, cruzando as pernas com elegância aristocrática. — Isso é inevitável.
Ele virou-se, levemente, surpreso com a serenidade na voz da esposa.
— Inevitável?
— Amanda nunca foi qualquer uma — ela disse, lentamente, como q