Vilarejo de Veliky — Interior da Rússia | 10 de Maio, 09h45
O motor do velho SUV gemia a cada curva apertada da estrada de terra, jogando lama e neve para todos os lados. O vilarejo de Veliky surgia no horizonte, escondido entre florestas fechadas, longe dos olhares, longe da civilização — e, quem sabe, longe da justiça.
Carlos Duarte apertava o volante com tanta força que parecia querer esmagá-lo. O rosto carregava mais do que cansaço: trazia o desespero de quem viu seu império desmoronar de uma só vez.
— Isso é loucura, Carlos... — sussurrou Ligia, a voz trêmula, segurando a mão da filha Emili, que não dizia uma palavra desde que saíram às pressas de Moscou. — Acha mesmo que fugir vai resolver?
— Resolver, não. — respondeu entre dentes, sem tirar os olhos da estrada. — Mas me manter fora do radar... sim.
No banco de trás, Otávio bufava, cruzando os braços, impaciente.
— Isso aqui é humilhante. — resmungou. — A gente... a gente é Duarte! E agora... escondidos como ratos? Por causa de