Mirela e Clara caminhavam com passos apressados em direção ao carro de José, o frio russo cortando as bochechas e o silêncio apenas sendo quebrado pelos estalos de seus saltos no piso de pedra. Mirela, inquieta, olhou para os lados e soltou em tom venenoso:
— Você viu como o tio Augusto defende a Amanda?
Clara, sem disfarçar o incômodo, respondeu seca:
— Sempre foi assim. Agora, então... além de filha adotiva, virou nora. Tá mais blindada que cofre de banco.
Mirela soltou uma risada curta e amarga, puxando o casaco para mais perto do corpo.
— Deixa eu te falar uma coisa... — ela começou, parando por um instante e olhando nos olhos da prima. — Ela acha que o João vai ficar só com ela. Mas João já teve a mim, a você... e muitas outras. Ele não nasceu pra ser de uma mulher só.
Clara engoliu em seco, sem negar, mas também sem afirmar. Havia uma dor oculta ali, uma lembrança mal curada. Ela apenas murmurou:
— A Amanda pode ser tudo isso, Mirela, mas o João é instável... se ela acha que o c