O avião cortava o céu noturno, o rugido constante dos motores abafando quase tudo, mas não o turbilhão que consumia Felipe Orsini.
Ele se recostou no assento, a mão firme sobre o apoio, os olhos fixos na janela escura. Por fora, a noite parecia calma, serena. Por dentro, Zurk rugia.
“Ela está aqui. Ela está perto. Ela foi ferida!”
A voz do lobo ecoava em sua mente, brutal, urgente, impossível de ignorar. Cada músculo do corpo de Felipe tremia com a tensão acumulada. Ele engoliu em seco, tentando sufocar o impulso, mas Zurk continuava, impaciente:
“Você a deixou sofrer. Ela é nossa! Nossa! Não pode ser tocada por outro!”
Felipe fechou os olhos, respirando fundo, buscando centrar-se.
— Eu sei… Eu sei, Zurk. Mas controle-se. — murmurou, a voz quase inaudível. — Eu não posso fazer isso aqui, não agora.
O lobo rosnou, frustrado.
— Controle? Ela está machucada! Ela sente! E você está sentado aqui como se nada acontecesse!
Ele se apoiou na poltrona do avião, cada articulação rígida