A madrugada pesava como chumbo.
O jato havia pousado há menos de uma hora, e o vento frio de Chicago cortava o ar quando Felipe atravessou o portão de ferro da propriedade.
A casa — ampla, silenciosa, imponente — o recebeu com a mesma frieza que ele trazia nos olhos.
André caminhava atrás dele em silêncio.
O som dos passos dos dois ecoava pelo mármore do hall.
Felipe tirou o paletó, jogando-o sobre a escada, e soltou um longo suspiro — não de cansaço, mas de exaustão emocional.
O nó no peito parecia não se desfazer. Ele cogitou sair para correr, tentar acalmar sua fera. Mas logo mudou de ideia ela estava a tentar tomar o controle. Ele tinha receio do que seu lobo seria capaz.
André hesitou antes de falar:
— Seu pai ligou. Queria saber por que você não fez o discurso.
Felipe apenas assentiu levemente, sem responder.
A mandíbula contraída, os olhos fixos em nada.
O silêncio entre eles era denso, quase palpável.
— Eu sei que não é da minha conta — continuou André, com cautel