O salão da casa de meus pais estava impecável. Mesas postas com prata cintilante, lustres refletindo a luz dourada sobre taças de cristal, e o murmúrio de vozes misturando-se ao tilintar de talheres. Para qualquer um, parecia uma noite perfeita, digna de alianças e celebrações. Para mim, era uma prisão de paredes douradas. Sentado à cabeceira, controlava cada expressão do meu rosto como faria em uma reunião de investidores. Respostas medidas, postura ereta, olhar firme. Só que, ao contrário de uma sala de negócios, aqui o produto em negociação era eu mesmo. À minha esquerda, Cecília sorria como se já tivesse vencido. Loira, olhos azuis que pareciam querer capturar qualquer hesitação minha, postura impecável, mas o vestido azul justo mostrava que sua intenção não era apenas ser elegante: era provocar. A cada comentário, ela me tocava levemente no braço, como se quisesse cravar seu direito sobre mim. — Você deve estar muito ocupado, Felipe — disse, inclinando-se um pouco mais do que
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