O quarto estava mergulhado em uma penumbra suave quando Liandra despertou.
O relógio marcava pouco mais de uma da tarde.
O sol entrava pelas frestas das cortinas em listras douradas, cortando o silêncio.
Por alguns segundos, ela não entendeu onde estava.
O colchão macio. O cheiro de mirtilos.
O peso leve de um braço sobre a cintura.
Demorou um instante para perceber: dormia sobre o peito de Rafael.
O som firme das batidas do coração dele marcava um ritmo calmo, constante, quase hipnótico.
Ela ficou ali, imóvel, observando o próprio reflexo naquela quietude.
Tinha dormido profundamente.
O corpo e a mente haviam finalmente cedido.
Pela primeira vez em muitas horas, não havia dor, nem urgência.
Quando tentou se mover, Rafael reagiu sem abrir os olhos, a mão dele tocou de leve o braço dela, num gesto quase inconsciente, como quem tenta impedir que o momento acabe.
— Fica mais um minuto… — murmurou, a voz rouca, ainda sonolenta.
Liandra hesitou.
Por um instante, pensou em le