O entardecer ainda nem caía quando Alice abriu os olhos pela primeira vez.
A luz filtrada pela janela desenhava traços dourados nas paredes brancas, e o ar cheirava a algo limpo, anestesia, flores e esperança.
Por alguns segundos, tudo era confuso.
O som distante das máquinas. O peso leve da coberta sobre o corpo.
O zumbido baixo do monitor cardíaco marcando o compasso de sua respiração.
E então ela o viu.
Sentado ao lado da cama, com os cotovelos apoiados nos joelhos, Felipe observava cada mínimo movimento dela.
Os olhos marejados, o rosto cansado, o mesmo homem que sempre pareceu inquebrável agora exalava pura vulnerabilidade.
Quando percebeu o olhar dela, ele congelou.
A respiração falhou.
Depois, o sorriso veio, trêmulo, mas real.
— Você voltou… — murmurou, a voz rouca, tomada pela emoção.
Alice piscou, os lábios se curvando num sorriso leve.
Ela tentou falar, mas a garganta arranhava.
Ainda assim, o olhar dela dizia o que as palavras não conseguiam: eu