O relógio marcava pouco depois das nove da manhã quando Felipe finalmente quebrou o silêncio.
A luz suave atravessava as cortinas, dourando o ar e refletindo sobre o café ainda quente sobre a mesa.
Alice mexia distraída na xícara, sem imaginar que aquele seria o último instante de calmaria que teria por um bom tempo.
Felipe a observava.
Sabia que havia perguntas demais pairando entre eles, mas algumas respostas ainda precisavam esperar.
O tempo ali já não era seguro, e ele sentia isso em cada fibra do corpo.
— Eu sei que você tem perguntas, Alice — começou, com voz firme, mas calma. — Quer entender o que aconteceu… e o que está acontecendo.
Fez uma pausa breve, o olhar fixo no dela.
— Mas te peço um pouco de paciência. Eu preferiria ter essa conversa em outro lugar.
Alice ergueu o olhar, confusa.
— Outro lugar?
— Sim. Tenho uma casa nos arredores de Phoenix. É segura, isolada. — respirou fundo. — E eu gostaria que fôssemos pra lá agora.
— Agora? — ela perguntou, surpresa.