“Confiar é pôr o segredo na mesa e ver quem recua.” — Anotação de R.
Eu marquei às 19h.
Nada de “passa aqui quando der”, nada de grupo de mensagem, nada de meia-palavra. Mensagem curta, direta, enviada separadamente:
Para Joana:
“19h. Aqui em casa. Assunto: caso. Só nós três.”
Para Rafael:
“19h. Apartamento. Trazer só você mesmo. Sem pastas.”
Ele respondeu com um “ok” seco, reforçando o horário. Joana mandou um “lá estarei” com aquele emoji neutro que não revela humor nenhum.
Limpei a mesa. Tirei as flores, os papéis, as velas decorativas. Só restou a madeira nua, a cafeteira ao lado, três canecas vazias. Não tinha chá dessa vez. Chá era para quando eu fingia que ainda dava para ser delicada. Café forte e verdade nua. Era tudo que eu iria tolerar hoje.
Coloquei a bolsa no chão. O peso era desproporcional ao que havia dentro — como se verdades enterradas ganhassem massa com o tempo.
Às 18h56, a campainha tocou. Joana. Sempre alguns minutos antes.
Abri a porta. Roupas simples — jeans e