“Lembrar não desfaz. Às vezes só reabre.” — Dra. Iasmim
[...]
Depois de algum tempo, não sei se minutos ou horas, vesti o vestido de volta. Arrumei o cabelo no pequeno espelho da parede.
Desci para o banheiro do primeiro andar. Lavei o rosto com água fria até a pele arder.
Olhei para meu reflexo.
Sorri.
Não sorriso feliz. Não sorriso de vitória heroica. Sorriso de ironia nova e silenciosa.
[...]
Voltei ao salão. Estavam todos lá ainda. Menos Guilherme.
Aurélia, do lado oposto, me mirou com aquele olhar de contabilista — medindo, pesando, calculando lucros e perdas.
Eu devolvi o olhar de quem sabe somar sem mostrar o cálculo na lousa.
Ela não sabia ainda.
Mas o contrato já estava morto.
E eu, pela primeira vez em anos, estava viva de um jeito que ninguém podia mais comprar.
[...]
Abri os olhos na sala branca da Dra. Iasmim. As lágrimas desciam silenciosas pelo meu rosto. Não de tristeza. Não de vergonha. Eram de alívio.
— Está concluído. — Minha voz soou dura, mas firme. — Agora compre