“Usei o cúmplice do meu cativeiro para demolir as grades. Poesia? Não. Geometria da vingança.” — (Anotação de R.)
[...]
Respirei fundo, fingindo resignação com uma expressão dramática. Deixei meus ombros caírem, como se estivesse soltando o peso de uma batalha perdida. Baixei o olhar — não de vergonha, mas de estratégia — como quem finalmente aceita uma derrota que nunca quis realmente vencer.
Eu sou uma atriz.
Aurélia me observava com uma atenção quase cirúrgica, como quem disseca um inseto sob a lente. Analisava cada expressão facial, cada contração muscular involuntária, cada mudança no ritmo da minha respiração. Buscava sinais de rebeldia remanescente, vestígios de resistência que ainda não estavam totalmente controlados.
Eu sabia exatamente o que ela procurava e dei exatamente o que queria ver.
Parecendo satisfeita com minha rendição, ela se levantou lentamente. Com postura de majestade, aproximou-se e fez um carinho suave nas minhas bochechas — um gesto maternal, mas carregado d