“Te guardo em mim / De um jeito tão particular / Que é só meu”
“Infinito Particular” – Marisa Monte
Na portaria, o segurança entregou uma sacola para ela.
— Deixaram isso aqui para a senhora. Disseram que são coisas de bebê.
Ela pegou a sacola em silêncio, com a sensação de que aquilo ia além dos objetos que estavam ali dentro. Entre fraldas e um pacote de lenços umedecidos, havia um envelope dobrado.
Com as mãos tremendo, ela abriu.
— Eles estão seguros. Rua do Alecrim, nº 108. Sempre de portas abertas para você - R.
Dayse fechou os olhos e sorriu — mas era um sorriso triste, cheio de dor, carregado de batalhas que ainda não tinham acabado.
— Estou indo, meus amores ― cantarolou ela em voz baixa.
O carro já a esperava na entrada da mansão. Ela respirou fundo, mas antes de entrar no veículo, algo a fez parar.
Uma cena cortou seu coração já machucado: do outro lado do portão principal, um carro preto avançava lentamente, como se carregasse o peso de um destino inevitável.
Dayse sentiu