Era madrugada. Faltavam poucas horas para a execução do plano de fuga.
A noite estava fria, vestida de um silêncio espesso, quase sólido. O quarto, mergulhado na penumbra, respirava junto com ela.
O único som constante era o dos ponteiros do relógio girando em círculos — irônicos, impiedosos, marcando um tempo que Dayse já não contava, apenas sentia vibrar sob a pele.
A luz do banheiro permanecia acesa. Era o sinal.
O pacto silencioso entre ela e "R."
O plano fora traçado com obsessiva precisão. Às quatro da manhã, ela deixaria o quarto, cruzaria o corredor sem fazer ruído e seguiria pela escada de serviço nos fundos da cozinha antiga — agora destrancada, graças a ele.
A partir dali, desceria pela escada de incêndio acoplada à lateral da mansão. O caminho levava ao portão de serviços, onde “R.” prometera estar com o carro ligado, motor ronronando como promessa de liberdade.
Cada detalhe fora pensado, cada movimento ensaiado.
As roupas escolhidas pela praticidade, já dobradas aos pés d