Nas noites frias, Dayse se perguntava se havia mais alguém ali, além dela e das sombras que dançavam nas paredes imponentes. O tique-taque do relógio não marcava apenas o tempo; pulsava como uma provocação cruel, ecoando pelos corredores vazios, lembrando-a de cada segundo que passava sem mudança.
Nos primeiros dias após a partida de Enzo, os funcionários ainda perambulavam pela casa, mas se moviam como espectros, deslizando entre as tarefas sem um olhar, sem uma palavra. Era como se ela tivesse se tornado invisível — ou como se desejassem que fosse.
A volta do patriarca Lourenço e sua decisão de suspender todos os serviços na mansão só aumentaram a sensação de vazio — um vazio que ia além do confinamento físico. Não era apenas solidão. Era algo mais profundo, mais corrosivo... Uma sensação de abandono a envolvia por completo.
Sua mente, inquieta, vagava por cenários sombrios, imaginando o que de mais cruel poderia lhe acontecer caso a gravidez não se confirmasse. Afinal, o poço da